Eficiente, Xscape é o melhor disco póstumo possível de Michael Jackson

30/05/2014 20:13

 



Por mais que sua existência seja fruto de interesses financeiros, e isso não o diferencia da maior parte dos CDs despejados nas lojas pelas multinacionais do disco, Xscape é o melhor álbum póstumo possível de Michael Jackson (1958 - 2009). Alçado instantaneamente ao topo das paradas de mais de 50 países ao ser lançado em escala mundial pela Sony Music em 13 de maio de 2014, Xscape é álbum digno na medida em que pode ser digno um disco de sobras fabricado - no caso, por um time de produtores capitaneados pelo eficiente Timbaland - a partir de exumações da obra de um artista que já saiu de cena. Como seu antecessor Michael(2010), Xscape jamais depõe contra a memória do Rei do Pop. Aliás, Xscape se parece mais como um álbum de Jackson do que Michael. A impressão deixada pelo disco - posto com atraso nas lojas do Brasil pela Sony Music - é a mesma de sua música-título Xscape (Michael Jackson, Rodney Jerkins, LaShawn Daniels e Fred Jerkins III), originária das sessões de gravação do último álbum de inéditas do artista norte-americano, Invincible (Sony Music, 2001): dá para reconhecer o d.n.a. do som de Michael nessa faixa e nas outras sete gravações inéditas de músicas também oficialmente inéditas que compõem o repertório de Xscape em registros feitos entre 1983 e 1999. Há boas músicas entre elas - e isso, diante das circunstâncias, é fato que merece ser louvado. Descoberta em take de 1983, a balada Love never felt so good (Michael Jackson, Paul Anka, John McClain e Giorgio Tuinfort) é uma delas. De batida dançante, A place with no name (adaptação de A horse with no name, composição do grupo America) e Slave to the rhythm (L.A. Reid, Kenneth Edmonds - Babyface - e Timothy Mosley) - ambas músicas originárias das sessões de gravação do álbum Dangerous (1991) - também fazem Xscape valer a pena. Justiça seja feita: por mais que as gravações tenham sido maquiadas pelos produtores, sob o comando de Timbaland, dá para reconhecer a pegada do som de Michael Jackson na levada funkeada de Chicago (Cory Rooney e Timothy Mosley) e no acento r & b da baladaLoving you (Michael Jackson e Timothy Mosley). Chicago é sobra do já mencionado álbumInvincibleLoving you entraria no álbum Bad (Epic Records / Sony Music, 1987). CompletamXscape Do you know where your children are? - tema  das sessões de Bad que chama atenção para o abandono infantil e que soa polêmico pelo fato de o cantor ter sido judicialmente acusado de molestar crianças - e Blue gangsta, faixa de tonalidade sombria que seria oriunda das sessões do álbum Invincible. Enfim, Xscape é um disco de sobras. Só que, aprimoradas em estúdio, tais sobras soam mais sedutoras do que muito material novo produzido atualmente no universo pop. O que faz com que Xscape, em última análise, reitere a genialidade atípica de Michael Jackson e faça jus ao sucesso obtido nas duas últimas semanas.

 

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